segunda-feira, dezembro 13, 2010

Desabafos...

Em abril de 2006, em pleno Projeto Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo, numa tentativa maluca de sistematizar todo o material (lido, pesquisado, visto, fotografado, etc) de quase 2 anos.
(Tentativa essa que deu certo, pois resultou em algumas apresentações Brasil e América Latina a fora e ainda uma Menção Honrosa.)
Fiz o seguinte desabafo:

Queria voltar a escrever
com a facilidade e encanto
de quem crê
que fazendo sentido ou não
eu sentia ser
meu destino então

Era tão natural
como ler
não era entre o bem e o mal
mas tinha um pouco
de "ser ou não ser"
uma adolescência a entardecer
infância num troco
e a maturidade de não crescer
diante das inconstâncias
dessa vida louca
que tornamos pouca
de tanto correr

... Fiquei rouca?
Me calei, porque?



De fato foi um ano de poucas produções, mas de um esforço que merece ser reconhecido, como se pode ver nesse soneto do mesmo mês:

Falar de coisas simples
é mais difícil que escrever
mais gostoso de ver
e melhor ainda fazer

Andar descalço, sorrir
Pendurar a rede e dormir
acordar com o sol rosto
preparar um bolo gostoso

Rever alguém que se gosta
ler poesia e prosa
escrever para uma amiga

É como fazer versos em rima
Parece simples, como a roda
Mas as vezes demora (a sair)

Na realidade, passa ano, vai ano este sentimento sempre acaba voltando...
Estes são mais recentes (de outros anos, não me lembro quando, talvez 2007, 8), mas ainda assim, são bem apropriados para o momento atual!!!

'Estágios de emoções,
de humor, como de lua
é a parte maluca
dessa mudança de estações
se ando um pouco confusa
é por não saber
(ou será querer?)
ser um pouco mais madura!'



O tempo é pouco
Quanto menos fico louco
de saudade de escrever

Se palavra é sopro
quanto mais fico rouco
de vontade de viver

Estes tercetos eu jogo
e quando brotarem no solo
de bondade: queriam ler!

quinta-feira, dezembro 09, 2010

De dentro da Bolha

A vida parece acabar
Toda vez que se acomoda
se não dá pra mudar de casa
mude sua rota...

A vida parece recomeçar
cada vez que se olha
aquilo que não se via
de dentro da bolha

Que se cria
quando se imagina pronta
a estrada que seguia

Cuidado: A próxima trilha
Pode ser a última
oportunidade de saída...

Aeroporto de Brasilia novembro de 2010.

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Recordando...

Nos últimos dias, quiçá semanas, tem acontecido muitas coisas... ao mesmo tempo que me fazem refletir, não me deixam tempo para escrever sobre...

Ademais, como já disse antes, tenho preferido escrever nos (e sobre os) bons momentos, e digamos que o sentimento atual não está ajudando muito... nada de mais, apenas um momento mais reflexivo que produtivo!

Mas também está sendo ótimo rever uns escritos, que já estavam esquecidos do período da adolescência... e que vou compartilhar:

Soneto de coincidência

Haverá equivalência
entre a ausência de cor
da transparência
e o negro torpor?

Que na morte
simboliza a inexistência
como também a transparência pode
na mais pura decadência!

do negro lorde
que com decote
é emagrecedor

mas que sem sorte
faz quem se julga forte
no luto, mero amador...


Soneto à falta de concentração

Estudando literatura
lembrei-me de você
pois vi minha tortura
nas cantigas de amigo e maldizer

de tudo não me aborreço
um dia dá certo
em bem reconheço
e enquanto não está perto?

da saudade me esqueço
nos momentos de ternura
e até agradeço

por tamanha sua doçura
tento ser forte, será que padeço?
quero concretizar nossa jura!


Como melancólica estou
saudades da poesia
da brisa que inebria
que há muito aqui passou
poetisa que não sou
cito de novo a melancolia
que substituiu a alegria
e tirou-me a ousadia
de abusar da fantasia
para viver o que restou
O espelho se quebrou
colher já não sacia
e o rosto que me sorria
em pedaços espatifou
para quem amou
procuro a magia
que transforme a agonia
para viver o que ainda sou!


Abram-se portas do calabouço
Que eu quero passar
Sou borboleta, sou livre
Preciso voar!
Tirem-me estas correntes
Preciso me soltar!
Outras coisas devo buscar
Como o sentido da vida
Que em cada um de nós está
Se me sinto perdida?!
...

Estes são do final da década de 90, quando me encontrava encantada com as aulas de Literatura no segundo grau!